Recore' é divertido e nostálgico, mas tinha fôlego para ser mais.

Game tem o melhor de 'Mega Man' e 'Metroid', mas com problemas técnicos. 'Recore' é 1º game da linha 'Play Anywhere', para Xbox One e Windows 10. Se "Recore" tivesse de responder àquela velha pergunta de tia "você é mais parecido com seu pai ou sua mãe?", poderia dizer sem pestanejar: sou o melhor dos dois, games de robôs e de plataforma – e o pior de um projeto pequeno que merecia um pouco mais de tempo no forno. A nova aventura de Xbox One e Windows 10, a primeira da iniciativa "Play Anywhere" da Microsoft, fala da relação homem-máquina de "Mega Man" com personagens cheios de identidade e combates animados. Também traz de volta uma sensação de descoberta quase nostálgica de jogos como "Metroid Prime" (2002), seja pela exploração de um mundo desconhecido e inóspito, seja pela trama desenvolvida na sutileza do subtexto. No entanto, problemas técnicos quase injustificáveis, como o enorme tempo de carregamento ("loading") entre uma área e outra do mapa, e a repetição de cenários e objetivos reduzem o impacto que "Recore" poderia ter. A experiência no geral é boa, divertida e recomendável. Mas o game que poderia ser Neymar acaba sendo Paulo Henrique Ganso. O enigma do horizonte Apesar de pouco original, o enredo pós-apocalíptico de "Recore" tem sensibilidade e carisma. A heroína Joule, que se voluntaria para ajudar a reconstruir a raça humana no planeta de Éden Distante, é uma garota destemida com um passado intrigante. E ela conta com a ajuda de um trio de robôs que poderia ser só complementar, mas acaba roubando a cena. Mack, Seth e Duncan esbanjam personalidade usando apenas gestos e ajudam no sistema de combate do game, baseado em cores. Como já dava para perceber na E3 2016, batalhas são um ponto alto de "Recore". Configurar o rifle de Joule para acertar os inimigos de uma mesma cor dinamiza uma mecânica de tiro que, em sua essência, é básica. E rapidinho você aprende a usar os ataques de seus aliados para criar combos, aumentar o dano e destruir mais inimigos. É simples, mas divertido. É perigoso ir sozinha! Tome isso Já a exploração de "Recore" evoca aquela a sensação gostosa de jogos como "Metroid" e "The Legend of Zelda", apesar de não ter o mesmo nível de sofisticação. O grande deserto do jogo fica entediante com facilidade, mas é ele que interconecta todas as masmorras. E é lá que os jogadores irão resolver quebra-cabeças e passar por vários trechos de plataformas. Para os mais velhos, essa combinação de tiros e pulos lembra "Jet Force Gemini", um hit nem tão conhecido do Nintendo 64. Algumas fases são exageradamente mais difíceis e complicadas que as outras. E no fim da aventura é preciso ir e voltar pelo deserto de "Recore" muitas vezes para conseguir desbloquear as últimas fases. Esse movimento já seria chato por si só, mas fica irritante por conta do "loading" do game. Injustificável, como disse lá em cima, porque "Recore" não é um game que será lembrado nem pelo seu tamanho, nem pelo sua tecnologia gráfica incrível. É simplesmente uma falta de otimização. No fim do dia, "Recore" cumpre seu papel e recheia a agenda de lançamentos de fim de ano para Xbox. Dá para dizer que a ideia de um projeto econômico, terminado em menos tempo e com preço de venda reduzido funcionou. E você até perdoa algumas falhas por conta disso. Mas "Recore" tinha fôlego para ser mais e melhor, e não somente um jogo "cult" que será elogiado daqui uns anos como uma pérola perdida. Tenho certeza que os jogadores estão dispostos a esperar quando a promessa é uma experiência mais definitiva.

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