O cenário universitário de League of Legends

O cenário universitário de League of Legends Paralelo ao LoL profissional e ainda desconhecido, surge um cenário competitivo. Por: River em 10 de Fevereiro de 2017 Já pensou em quantos jogadores profissionais existem no país? Se somarmos o número de times do CBLoL (8) e do Circuito Desafiante (6), entramos na casa de dois dígitos, com 14 times. Sem considerar os reservas - e todos os times têm pelo menos dois - chegamos ao número de 70 jogadores. Muitos se destacam no Circuito Desafiante e chegam ao CBLoL. Agora, há outro potencial celeiro para jogadores: o cenário universitário. Com a Global Games Club realizando a principal liga deste universo paralelo, podemos ter uma dimensão do tamanho e potencial do LoL universitário. A Liga Universitária recebeu, este ano, mais de 240 inscrições de times, totalizando, pelo menos, 1200 jogadores. Apesar de grandes números não assegurar que exista algum grande talento escondido, é bastante provável que ao menos um excelente jogador esteja nesse patamar, pronto para ser revelado. Dados dos EUA do começo do ano passado são ainda mais surpreendentes: havia mais de 300 times universitários, o que motivou a Riot de lá a fazer um documentário bastante interessante sobre o tema. Infelizmente não há uma versão com legendas disponível, mas se você entende inglês, vale a pena conferir. O movimento do LoL universitário começou a ganhar força no ano passado, com a primeira Liga Universitária (LU) da Global Games Club. O campeonato, que funcionou como uma fase beta, segundo Felipe Tonello, representante da LU, teve participação de quatro equipes e premiação total de R$10.000. Apesar de não ser um valor muito expressivo se comparado às maiores premiações do país, é um incentivo considerável. Com apoio da Riot Games, o campeonato também teve premiações em RP.

Já pensou em quantos jogadores profissionais existem no país? Se somarmos o número de times do CBLoL (8) e do Circuito Desafiante (6), entramos na casa de dois dígitos, com 14 times. Sem considerar os reservas - e todos os times têm pelo menos dois - chegamos ao número de 70 jogadores. Muitos se destacam no Circuito Desafiante e chegam ao CBLoL. Reitor da Universidade Presbiteriana Mackenzie recebe o troféu da 1ª LU da Global Games. (Foto: Divulgação | Global Games) Da esquerda para a direita: Thales Augusto (Equipe), Caíque Arruda (Capitão da Equipe), Prof. Luciano Silva (Coordenador), Prof. Benedito Guimarães Aguiar Neto (Reitor), Décio Sanford (Diretor da Global Games), Prof. Nizam Omar (Diretor) Outra instituição que ajuda a fomentar este cenário tão particular é a Universidade FUMEC, de Belo Horizonte. A instituição começou no ano passado um projeto de incentivo ao e-Sport, criando o seu próprio time de League of Legends. Dentre tantos times universitários espalhados pelo país, o da FUMEC tem uma característica que o coloca um passo à frente, ao menos na questão estrutural: os jogadores recebem salário em forma de bolsa de estágio, de R$788, além do vale transporte. Breno “Wildey” Giarola, jogador da rota do topo do time da FUMEC, conta que o processo seletivo foi concorrido, com fase de inscrição online e peneiras no campus da universidade. Ao todo, 76 estudantes dos cursos ligados às áreas de computação e tecnologia tentaram a vaga no time da instituição, mas somente seis foram selecionados, o que inclui um técnico. Hoje em dia, a rotina é parecida com a de um time profissional: treinos diários com muitas horas de LoLzinho, das 12 às 18h. Para isso, o time conta com uma sala na universidade dedicada a eles, com equipamentos especializados. No entanto, nem tudo é positivo por lá. Perguntado se via semelhanças entre o projeto de cyber-atleta universitário no Brasil e o programa de atletas universitários nos EUA, Wildey afirmou que muitos ainda olham a prática do LoL universitário com um olhar pejorativo. Universidades dos Estados Unidos se enfrentam no uLoL Campus Series 2016, o torneio universitário americano. “Futebol americano lá é cultural. Aqui os jogos ainda sofrem com a visão crítica de sermos um bando de à toa. Várias pessoas, dentro da FUMEC mesmo, me disseram: ‘nossa, receber salário pra jogar um joguinho, muita vida boa isso, vou começar a jogar ali e tentar a sorte.’ Como se fosse fácil e simples. Eu joguei a vida toda, e tenho 5 anos de league of legends. Eu me dediquei esse tempo todo pra quando finalmente conseguir algo, alguém dizer isso pra mim. Se fosse futebol americano nos EUA, eu seria o ídolo da galera. Aqui eu sou um à toa sortudo.” No entanto, o futuro é promissor. Com o surgimento de novas ligas e a ampliação da própria Liga Universitárias da Global Games, há espaço para cada vez mais jovens estarem em times universitários, com um número crescente de instituições aderentes à modalidade. Este ano, a Global Games terá 64 universidades em sua liga, e a premiação total passará a ser R$20.000: um desafio maior merece uma recompensa maior. Um passo importante para um cenário universitário forte é o investimento das universidades em seus times, a exemplo da FUMEC. Fazer a faculdade e treinar diariamente em um time elimina as horas que o estudante teria para fazer um estágio ligado à sua área de formação. Assim sendo, é muito interessante a ideia de que o time universitário receba um incentivo financeiro para se manter ativo e melhorando. Com tantos times e tantos novos nomes surgindo, o cenário universitário passa a ser mais um celeiro de jogadores. Felipe Tonello, representante da Liga Universitária da Global Games, explica a posição do cenário universitário no país: “Não vejo a Liga Universitária como Tier 3, mas sim como uma competição anexa ao cenário principal, que tem relação com ele mas que possui sua própria essência, assim como acontece no exemplo do College Football em relação à NFL. Tiers são medidas de habilidade e ranqueamento, portanto não cabem à uma Liga Universitária, uma vez que muitos jogadores estarão, com certeza, no nível de integrantes de equipes Tier 2. Ao mesmo tempo que outros estudantes com certeza terão um caminho maior a percorrer caso queiram alcançar a habilidade de um jogador do Circuito Desafiante. Porém, em ambos os casos, a preparação e a experiência do jogador que passou pela Liga Universitária serão maiores do que a de um jogador comum, que entrou no competitivo ao ser descoberto nas filas ranqueadas ou por indicação de algum amigo. Portanto, em razão dessa mesma grande de habilidade, não considero a Liga Universitária Global Games como um Tier 3, e sim como um torneio preparatório e fonte de promessas do cenário competitivo Tier 2 e Tier 1.” O que podemos esperar do cenário universitário nos próximos anos? Equipe da University of British Columbia (UBC), campeã do uLoL Campus Series 2016 sobre a Robert Morris University, uma das primeiras a conceder bolsa aos atletas. Em primeiro lugar, mais oportunidades para os jovens. O sistema de esporte universitário tem potencial para dar acesso à educação superior para jovens que normalmente não conseguiriam chegar lá, o que acontece nos Estados Unidos com o College Football, futebol americano universitário. Estudantes podem ingressar na faculdade com bolsas-atleta e, assim, tentar um futuro melhor através do esporte e do estudo, simultaneamente. Apesar da prática não ser comum no Brasil hoje em dia (as grandes portas de entrada das universidades, públicas ou privadas, são os vestibulares), não é algo que necessariamente continuará da mesma forma para sempre. Além disso, bolsas de estágio para cyber-atletas, como na FUMEC, já podem significar uma mudança considerável na vida do estudante. Uma mudança importantíssima através de uma dessas bolsas de incentivo a cyber-atletas ocorreu na África do Sul, como contou o senhor Colin Webster, da Mind Sports South Africa (MSSA), organização regulamentadora dos esportes de mente (categoria que inclui os e-Sports) da África do Sul. “Tivemos um caso de um gamer que ficou órfão quando seus pais morreram de AIDS, e graças ao programa de bolsas para gamers, ele foi capaz de conseguir se formar no BCom* em Finanças, e cuidar dos irmãos mais novos.” *Bachelor of Commerce, um curso especializado em comércio. No caso do jovem, em Finanças. Colin explicou mais a fundo como funciona o projeto de apoio aos cyber-atletas universitários: “O jeito que (o projeto) acontece é simples. Os e-Sports são considerados como esportes na África do Sul, como futebol, rugby, atletismo, entre outros. Assim, a MSSA nomear os jogadores merecedores como representantes provinciais e nacionais*. Os nacionais, recebendo a Protea Badge**. Conseguindo as honras provinciais e nacionais, esses gamers podem receber bolsas de atleta nas universidades.” *Provincial and national colours, no original em inglês. Seria o equivalente a haver um time de LoL representante de São Paulo, ou de qualquer estado (provincial), e haver um time representante do Brasil (national). **Brasão usado por todos os times oficiais que representam a África do Sul. Em qualquer esporte, inclusive os eletrônicos. O projeto é antigo. Desde os anos 1990, já foram mais de 40 alunos contemplados por bolsas universitárias de cyber-atleta, e atualmente, segundo Colin, existem 6 no programa. “Mas não é limitado à educação universitária, muitas escolas também oferecem redução de preço se o gamer for um representante provincial ou nacional, também” - completa Colin. Nosso país pode tomar um caminho semelhante ao da África do Sul, no que diz respeito ao reconhecimento oficial dos esportes eletrônicos: recentemente, o Ministério do Esporte publicou um texto anunciando o primeiro mundial universitário de e-Sports, com final programada para acontecer em solo brasileiro ainda este ano. Como não poderia faltar, o League of Legends está presente nas modalidades. Todas as informações sobre o torneio poderão ser encontradas no portal do Ministério, inclusive sobre inscrições. Com tantas oportunidades assim, o cenário universitário foi plantado em um solo fértil. Os primeiros frutos já começam a surgir. Caberá aos jogadores, times, organizadores de eventos e investidores conseguir manter um bom cultivo e espalhar as sementes, garantindo a prosperidade deste cenário com tanto potencial.

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